Aos 44, tricampeã mundial de caratê supera os jovens e intriga cientistas

08-09-2010 02:24

Após driblar as drogas, Ciça Maia vira objeto de estudo, com frequência cardíaca surpreendente e velocidade de reação melhor que a dos homens

 Uma história de vida que tinha tudo para acabar no anonimato ou até algo pior que isso. Um perfil físico que remete a histórias de super-heróis e chega a intrigar cientistas e pesquisadores da saúde. Assim pode ser definida a definição da carreira de Maria Cecilia de Almeida Maia, a Ciça do caratê. Pouco lembrada, para não dizer esquecida, a lutadora chega aos 44 anos com um desempenho superior ao de muitas atletas mais jovens. À sombra do sucesso, a tricampeã mundial se torna objeto de estudo.O motivo? A jovialidade de uma garota.

 

 Apesar da idade avançada para a modalidade, Ciça luta até hoje nas categorias livre e peso médio (55kg a 61kg). E é justamente este fato que deixa os pesquisadores da Escola de Educação Física do Exército e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EsEFEx) sem entender o que se passa com o corpo da atleta.

 

 

- Um fato que sempre nos chamou a atenção é como ela tem uma frequência cardíaca menor que a de meninas muito mais novas. E outro: como a velocidade de reação dela é tão mais rápida que a dos homens, essa questão do reflexo. Não é a toa que ela chegou cinco vezes à final do mundial - disse o instrutor de lutas da EsEFEx e um dos que estudam o caso, Capitão Pedro Ivo.

Outro fato curioso é que, mesmo em um esporte de tanto contato físico, Ciça, que compete há 25 anos, nunca sofreu uma lesão. Mas a vida da atleta nem sempre foi de pontos positivos. Além dos problemas de falta de patrocínio e das dificuldades no meio esportivo, Ciça sofreu durante a infância e a adolescência.

Vida complicada desde a infância

Filha de Ângela Augusta de Almeida, uma diarista mãe de sete filhos que hoje tem 65 anos, Ciça nem chegou a conhecer o pai. Aos 7 anos, morou na rua por um tempo, quando sua família foi despejada da casa onde morava, no Centro do Rio de Janeiro, por falta de pagamento. Sem condições de criar os filhos, Ângela deixou as crianças com uma vizinha, que se solidarizou com a história. Mas Ciça, com seu comportamento rebelde, não se adaptou e deixou a casa. Foi morar então com outra família, onde permaneceu por 11 anos. Lá, cuidava de uma criança. Certo dia, ao buscá-la na creche onde estudava, foi convidada a trabalhar lá. Com seu primeiro salário, se inscreveu em uma academia, onde conheceu o caratê.

- Quando cheguei lá e vi aquilo falei: 'É isso que eu quero”. Assisti à primeira aula numa sexta-feira, voltei com um quimono emprestado e me matriculei. Daí foi uma ascensão muito rápida. Em oito meses o treinador me botou para competir no Campeonato Carioca. Tive um desempenho que surpreendeu todos – conta. Com os colegas dando apoio, Ciça foi convidada a integrar a seleção carioca para disputar um torneio em Minas Gerais. Lá, a “Trombadinha do Rio”, como era chamada, brilhou e ganhou a chance de disputar uma vaga na seleção brasileira. Quando atingiu esse nível, passou a se destacar também em competições internacionais.Leia mais,Fonte: Globoesporte


 

 

 


 

 

Voltar